Mulheres, idosos, diabéticos e nefropatas são o foco do II Simpósio de Doença Coronariana, promovido pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo Regional Campinas, nos dias 3 e 4 de abril de 2009. A preocupação dos especialistas deve-se à escassez de dados na literatura científica quanto à melhor conduta de tratamento da doença coronariana em pacientes dos chamados grupos especiais.
Atualmente, todo o tratamento aplicado em doenças coronárias é baseado em largas evidências científicas obtidas a partir de grandes estudos controlados. O problema é que estes estudos atendem populações específicas de pacientes, excluindo muitas vezes os idosos ou portadores de insuficiência renal, por exemplo.
“O objetivo é oferecer aos cardiologistas da região o que há de mais atualizado na prática médica em relação às doenças coronarianas que acometem estes pacientes em especial. As conduta e terapêutica destes casos ainda são pouco relatadas e devem ser discutidas com profundidade, uma vez que há uma importante procura nos consultórios”, pondera o dr. Daniel Lages Dias, presidente da Socesp Campinas.
No próprio dia 3, na abertura da programação do II Simpósio, o foco serão os pacientes com doença renal crônica (DRC). Os portadores desta patologia têm pelo menos dez vezes mais risco de morte prematura por doença cardiovascular – seja coronariana, cerebrovascular, arterial periférica ou insuficiência cardíaca.
“As DRC contribuem com a morbidade da doença cardiovascular em mais de 12 milhões de pessoas no mundo”, alerta o dr. Daniel Lages. O risco de óbito cardiovascular em adultos com menos de 45 anos de idade em programa de diálise é cem vezes maior do que na população em geral. Há uma relação linear entre o estágio da doença renal crônica e o risco de eventos cardiovasculares.
A doença arterial coronária entre as mulheres também estará em pauta. A despeito de ter maior prevalência entre os homens, é causa mais comum de mortalidade entre a população feminina dos países industrializados. Os fatores de risco, em geral, são comuns a homens e mulheres: tabagismo, hipertensão arterial, sedentarismo, obesidade, entre outros.
Apesar dos avanços no tratamento destas doenças, o declínio na mortalidade por doença cardiovascular nos últimos anos tem sido maior nos homens do que nas mulheres. Evidências sugerem que o risco de doença cardiovascular na mulher continua pouco alterado nos últimos 15 anos, fato que indica que as estratégias para redução do risco nas mulheres não são implantadas de forma adequada.
O risco cardiovascular da mulher é menor durante o período reprodutivo. Entretanto, uma suposta proteção hormonal desaparece após a menopausa. Além disso, a manifestação clínica de doença isquêmica pode não apresentar sintomas clínicos típicos, o que dificulta seu diagnóstico.
Dado importante a ser ressaltado é que as mulheres brasileiras são mais propensas a doenças coronárias do que as de paises desenvolvidos. Se nos estados europeus, a razão de taxas masculinas/femininas varia entre 5,5 (Finlândia) e 3,6 (Portugal), nas cidades brasileiras a variação é de 3,3 (Belo Horizonte) a 2,3 (Salvador).
Idosos
Em 4 de março, os assuntos abordados no II Simpósio focarão especificamente o idoso e o paciente diabético. “A estimativa é de que até 2025, teremos cerca de 33 milhões de indivíduos acima dos 60 anos no Brasil. Daí a importância de uma avaliação mais específica nessa faixa etária, com uma terapêutica direcionada e que requer mais cuidados”, comenta o dr. Daniel Lages.
Está bem estabelecida a forte associação entre diabetes e doença cardiovascular. A doença arterial coronariana, particularmente, é considerada a principal causa de morte entre adultos diabéticos (65% a 80%). O diabetes é considerado importante fator de risco para o desenvolvimento de doença aterosclerótica vascular, incluindo coronariopatia, doença cerebrovascular e doença vascular periférica. O paciente diabético tem risco de duas a quatro vezes maior de desenvolver eventos cardiovasculares do que os não-diabéticos.
Já a doença aterosclerótica no diabético apresenta-se de forma mais difusa e agressiva, ampliando o prognóstico dos eventos isquêmicos. O infarto agudo do miocárdio no diabético freqüentemente é mais extenso, ocasionando taxas de sobrevida em médio prazo mais baixas que em não-diabéticos.
O II Simpósio de Doença Coronariana é voltado para médicos, cardiologistas e estudantes de medicina.
Serviço
II Simpósio de Doença Coronariana
Data: 3 e 4 de abril de 2008
Local: Hotel Tryp Cambui
Endereço: Rua Severo Penteado, 140 – Cambuí – Campinas – SP
Informações: (19) 3236-0546