Estado forma 1ª turma de índios com curso superior da história

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Terno, gravata e camisa social contra cocar, tanga e pintura no rosto. Oitenta e um índios estão neste momento decidindo como se apresentarão em sua festa de formatura de ensino superior, segunda-feira, 13.


Pela primeira vez um governo do Estado investiu diretamente na formação superior de índios para trabalho em escolas de aldeias. São Paulo tem 30 tribos, com 1.500 curumins, pequenos índios, que até agora tinham professores para alunos de 1ª a 4ª série, que não exigem professores com nível superior.


Agora, com a graduação superior, o grupo está apto a lecionar em classes indígenas de 2º ciclo de Ensino Fundamental e de Ensino Médio. Na formatura, que acontecerá no Memorial da América Latina, os professores receberão certificado de licenciatura plena em Pedagogia.


Esta é a terceira fase de projeto iniciado pela Secretaria em 2004, quando 61 indígenas foram graduados para lecionar para turmas de 1ª a 4ª série. Com o nível superior os professores agora podem dar aula para classes de 5ª e 8ª e Ensino Médio (desde abril estão nestas salas, pois já conseguiram a colação de grau).


“Os professores agora passarão a fazer novo curso, com foco em sustentabilidade, para aprimoramento profissional. É um tema importante para o Ensino Médio”, afirma a secretária de Estado da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro.


No Estado existem 30 aldeias indígenas, de cinco grupos étnicos_ guarani, tupi guarani, terena, kaingan e kerenak_ com cerca de 1.500 alunos. De acordo com uma lei estadual, apenas índios podem dar aulas para índios_ por isso o esforço da Secretaria em capacitar os índios-professores.


Nas classes indígenas os alunos têm acesso a todas as disciplinas do currículo escolar. Todas as matérias são abordadas a partir da cultura de cada tribo. Além dos temas do currículo convencional, os alunos índios também têm acesso aos temas relacionados à cultura indígena. Em sala de aula os índios tomam consciência de preservar a história e a tradição de cada uma das tribos.


Professores-coordenadores


A Secretaria de Estado da Educação implantou uma novidade importante para os cerca de 1.500 curumins que estudam em 30 escolas estaduais. Desde este ano todos estão sendo atendidos por professores-coordenadores, assim como os demais alunos da rede. Ou seja, têm uma pessoa para fazer a fazer a ponte entre o conhecimento formal e a cultura e tradições de cada uma das cinco etnias presentes no Estado.


O cargo de professor-coordenador foi modificado neste ano pela Secretaria. Agora, todas escolas têm pelo menos um professor coordenador, incluindo as em áreas indígenas.


O professor-coordenador é responsável pela nova organização das escolas nas três áreas do conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias, ciências da natureza e ciências humanas e suas tecnologias. Nas unidades indígenas precisam ter diploma em Curso Especial de Formação em Serviço de Professor Indígena, desenvolvido pela Secretaria.


A Secretaria investe anualmente cerca de R$ 7 milhões em curso de formação de professores indígenas. O Estado de São Paulo é pioneiro no Brasil no cuidado e formação de professores indígenas desde 1995, quando foi criado o decreto federal que determina que um índio só seja educado por outro índio.


Os 30 professores-coordenadores são indicados pelas próprias comunidades indígenas. A formação deles ocorre em paralelo às aulas, isto é, durante uma semana por mês eles vêem para a Faculdade de Educação da USP e no restante retornam às escolas para lecionar.

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