No Estado
de São Paulo será feriado no próximo quarta-feira, 9 de julho, em celebração à
Revolução Constitucionalista de 1932. Foi nesta data que explodia a Revolução.
São Paulo reuniu armas e 30 mil homens para lutar contra o governo federal de
Getúlio Vargas.
Segundo o livro de história de Gilberto Cotrim, o governo getulista, ao mostrar
suas características de poder centralizador, preocupação com a questão social
dos trabalhadores e interesse em defender as riquezas nacionais, assustou a
posição política de São Paulo que desejava a República Velha. As tropas
paulistas eram formadas por soldados da polícia do Estado. Muitas indústrias de
São Paulo ajudavam na fabricação de material de guerra, como granadas, máscaras
contra gases, lança-chamas, capacetes. Mas São Paulo ficou isolado do resto do
país. Depois de três meses de lutas sangrentas e milhares de mortos e feridos,
os paulistas foram derrotados pelas tropas federais.
Em maio de 1932, quatro estudantes de São Paulo – Martins, Miragaia, Dráusio e
Camargo – morreram em um conflito de rua, em uma manifestação pública contra o
governo federal. A morte dos estudantes exaltou ainda mais os ânimos paulistas.
Com as letras iniciais de seus nomes – MMDC – tornou-se o símbolo do movimento
constitucionalista.
Rocinha
O antigo Distrito de Rocinha, hoje Vinhedo, tem
histórias para contar da Revolução Constitucionalista de 32, que deu origem ao
feriado de 9 de julho. O médico dr. Manoel Matheus Netto lembra-se que existia
a “cantina do soldado” na esquina da Rua Nove de Julho com Santos Dumont. “Os
soldados passavam e paravam ali”, afirmou dr. Manoel Matheus.
Ele contou também que por três dias o então Distrito de Rocinha ficou
praticamente desocupado porque a população se refugiou para fazendas vizinhas
com medo da revolução. “Boatos correram no distrito dizendo que os paulistas
iriam resistir na Serra do Japi, nas nossas proximidades”, disse dr. Matheus. O
médico falou que mantimentos e cavalos ficaram escondidos e que a fazenda de
seu avô, chamada Santana, abrigou várias pessoas porque tinha casas
desocupadas. “Foi uma evasão. A cidade ficou praticamente morta”.
Quando os paulistas foram derrotados, outro susto. Algumas pessoas
começaram a dizer que o então subprefeito, João Corazzari, seria obrigado a
tirar a placa do nome da praça Olavo Guimarães (atual Sant’Ana), que foi
prefeito em Jundiaí.
A imposição vinha de pessoas ligadas a Getúlio Vargas e que andavam com um
cobertor vermelho amarrado no pescoço, como gaúcho. “Mamãe colocou um tapete
vermelho no chão, nós nos ajoelhamos e começamos a rezar”, afirmou dr. Matheus.
Após a revolução, a família Matheus se refugiou no conhecido casarão – onde
atualmente é uma loja de roupas de bebê – e começou a esquentar água. Caso os
getulistas chegassem, seriam recebidos com água quente, era uma espécie de
arma, não de fogo, mas preparada com ele.
Casa do Soldado
O correspondente de então Diário do Povo, jornal de Campinas, Gilberto
Damásio, contou, em edição do dia 12/7/62, que o 30º aniversário da Revolução
Constitucionalista foi comemorado em Vinhedo com a inauguração da Casa do
Soldado, que ficava na Rua Nove de Julho, esquina com a Santos Dumont. Segundo
o correspondente, “ali, os soldados que demandavam a São Paulo em sentindo
contrário, encontravam sempre às suas ordens merendas e o sossego necessário
para refazerem suas energias”.
A Lei Estadual
O então deputado Guilherme Gianeti elaborou o Projeto de Lei 710/95, que
foi aprovado e virou a Lei Estadual 9.497, de 5 de março de 1997, instituindo o
9 de julho como feriado civil em
São Paulo por ser a data magna do Estado.
Rua Nove de Julho
A Rua Nove de Julho, a principal da cidade, passou a ter esse nome em
função da Lei 115, de 25 de março de 1953, promulgada pelo então prefeito, dr.
Abrahão Aun. Ela era conhecida por Rua Dois. Na época, a Rua Um também mudou de
nome e passou para Monteiro de Barros. No mesmo projeto, passaram a
denominar-se Humberto Pescarini (Rua Três), Fernando Costa (Nova), João
Corazzari (Av. Dois), João Pinheiro (Av. Zero), Manoel Matheus (Av. Um), Av.
Dois de Abril (Av. Três até a Rua Dois), Jundiaí (Av. Cinco), Benedito Storani
(Rua Quatro) e Santa Cruz (Rua Cinco).