Conhecida popularmente como catapora, a varicela é motivo de preocupação durante todo ano. De acordo com especialistas, a doença é mais comum na primavera, mas a grande incidência pode perdurar até janeiro.
Causada pelo vírus Varicela zoster, a catapora se alastra com extrema facilidade. Pode contaminar mais de 80% das pessoas suscetíveis ou não-vacinadas. “Uma vez instalado no organismo, esse vírus fica latente nos gânglios nervosos, podendo provocar herpes zoster, o chamado ‘cobreiro’, em adultos”, esclarece o médico Aroldo Phromann de Carvalho, Professor Associado de Pediatria da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e membro do Conselho Científico do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
A varicela geralmente provoca em crianças de 250 a 500 lesões de pele – metade do que ocorre nos adultos. Os sintomas iniciais se parecem com os de qualquer outra virose: febre, coriza e tosse. Até que aparecem pequenas manchas nas costas, peito e abdômen. As manchas viram bolinhas vermelhas (pápulas), que se transformam em bolhinhas com líquido (vesículas) e, finalmente, em crostas (casquinhas). A recuperação demanda de sete a 10 dias, quando as lesões já viraram crostas.
A varicela pode provocar principalmente três tipos de complicações: infecções secundárias nas lesões da pele, os problemas no sistema nervoso e nas vias respiratórias. As complicações mais comuns são as infecções bacterianas secundárias como impetigo, celulite e erisipela, que surgem quando o doente se coça, deixando uma porta de entrada aos microorganismos que existem normalmente na pele.
Exposição e riscos
Mesmo antes de saber que está doente, a pessoa começa a transmitir o vírus da varicela, porque os sintomas só se manifestam entre 10 a 21 dias após o contágio. Já o maior risco de transmissão ocorre 48 horas antes de surgirem os sintomas. Para se contrair a varicela, basta entrar em contato com as vesículas do doente ou as gotículas que ele expele pelo ar, por meio da tosse, do espirro e da fala.
Quem nunca contraiu a varicela pode se proteger com a vacina, que deve ser administrada em maiores de um ano de idade, exceto gestantes, pessoas em tratamento com altas dosagens de corticóides ou com deficiência no sistema imunológico. Ela protege inclusive contra as formas graves da varicela quando tomada até 72 horas após a pessoa entrar em contato com o vírus.
A médica Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, adverte, no entanto, que não se deve esperar um surto ou alguém próximo ficar doente para se vacinar. “Nesses casos, os efeitos da imunização não são os mesmos de se vacinar antes do surto”, explica.
O médico Aroldo Phromann de Carvalho explica que, quando o contágio se dá entre pessoas que vivem no mesmo ambiente (irmãos, por exemplo), a carga viral transmitida acaba sendo maior do que o normal. “Se uma criança pega a doença na escola e passa para o irmão, ambos terão varicela. Mas o irmão sofrerá sintomas mais intensos, porque recebeu uma carga viral maior”, observa.
A médica Lucia Bricks, diretora da Saúde Publica da Sanofi Pasteur, a divisão de vacinas da Sanofi, ressalta a importância de vacinar pessoas que têm contatos com imunocomprometidos, crianças menores de um ano e gestantes. “Ao vacinar os contatos de pessoas que não podem receber a vacina, é possível protegê-las, de forma indireta, reduzindo o risco de exposição”, esclarece.