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Conhecido pelos romances, Jorge Amado escreveu
também histórias breves, que parecem contadas numa mesa de bar. Duas das mais
famosas e encantadoras chegam às livrarias, em edições ilustradas e comentadas.
“De como o mulato Porciúncula
descarregou seu defunto” tem ilustrações de Andrés Sandoval e comentários
de Mariana Amado Costa e José Eduardo Agualusa.Publicada na revista Senhor, em
1959, esta pequena jóia literária conta, a rigor, duas histórias. Uma oculta, a
do taciturno Gringo, que mesmo depois de beber litros de cachaça não se
dispunha a falar sobre a morte que carregava nas costas, segundo diziam. E a
outra, que se desvela aos poucos, a do amor platônico entre o mulato
Porciúncula e Maria do Véu, prostituta obcecada por casamentos que ele conhece
em Salvador e que havia sido expulsa de casa a pauladas, aos quinze anos,
depois de perder a virgindade com o filho de um coronel.
“O milagre dos
pássaros” é uma sátira marota das relações conjugais e extraconjugais no
interior do nordeste. O livro é a história da chegada do poeta e trovador
Ubaldo Capadócio à cidade de Piranhas, e de sua fuga espetacular da ira
homicida do capitão Lindolfo Ezequiel, quando este o encontra na cama com sua
esposa, a bela e cobiçada Sabô.
Já as novas edições dos romances de Jorge Amado trazem uma cronologia com
informações históricas e biográficas, e um caderno de imagens relacionadas ao
romance. “Tereza Batista
cansada de guerra” tem posfácio de Lygia Fagundes Telles. No
sertão de Sergipe, aos treze anos incompletos, a órfã Tereza Batista é vendida
pela tia a um fazendeiro pedófilo e brutal. Amadurecida precocemente, a menina
acaba por tornar-se uma mulher corajosa e decidida, capaz de combater uma
epidemia de varíola e liderar um movimento de prostitutas.
Verdadeira história de cordel, escrita em 1972, em plena ditadura, Tereza
Batista cansada de guerra é um dos mais vigorosos romances de
Jorge Amado do ponto de vista político e um dos mais ousados no terreno do
erotismo.
“Jubiabá”, com posfácio de
Antônio Dimas, foi escrito quando o autor tinha apenas 22 anos. Narra as
aventuras de um dos primeiros heróis negros da literatura brasileira, Antônio
Balduíno, nascido órfão no morro do Capa-Negro, em Salvador, e que se torna
menino de rua, malandro, sambista, lutador de boxe, trabalhador nas plantações
de fumo, artista de circo e estivador. Saudado pela crítica, Jubiabá
apresenta temas e personagens que se tornarão famosos em livros posteriores do
escritor baiano.
