Pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) revela que a proporção de famílias endividadas em 2014 chegou a 62%, apenas um ponto percentual a menos que em 2013. Mesmo com essa pequena queda, no período, houve acréscimo de 79.418 famílias com algum tipo de dívida.
O valor mensal dessas pendências também aumentou e passou de R$ 16,4 bilhões em 2013 para R$ 17,3 bilhões neste ano, o que corresponde a uma alta de quase R$ 880 milhões.
A parcela mensal das dívidas por família passou de R$ 1.886 para R$ 1.968 e pelo quinto ano consecutivo, o comprometimento da renda mensal para dívidas se manteve em 30%, que, segundo a Federação, é considerado razoavelmente adequado para não sinalizar risco de elevação da inadimplência.
Os dados compõem a quinta edição da Radiografia do Endividamento das Famílias Brasileiras. A pesquisa traz dados de 2012, 2013 e 2014, com base em informações do Banco Central do Brasil, IBGE e da CNC.
De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, a queda no endividamento indica que as famílias brasileiras preservaram seus gastos em tempos de incertezas e ficaram mais cautelosas em relação a empréstimos e aquisição de bens duráveis. Por outro lado, a política monetária de elevação da taxa de juros adotada pelo Banco Central visando o controle inflacionário resultou em expressivos aumentos no custo dos empréstimos, principalmente para pessoas físicas, e impediu uma queda maior.
A taxa média de juros cobrada nos empréstimos para pessoa física passou de 40,4% ao ano em 2013 para 49,6% em 2014, incremento real de quase 23%, o que dificultou a tomada de credito de curto prazo para quitação de débitos mais caros e de maior duração.
Em razão da grande preocupação das famílias sobre o orçamento doméstico, o saldo de crédito para pessoas físicas retraiu 1,2% em termos reais em relação a 2013. Os níveis de inadimplência também acusaram queda pelo segundo ano consecutivo e atingiram 5,3% da carteira de crédito com atrasos acima de 90 dias. Vale ressaltar que em 2012 essa taxa era de 6,9%.
Os economistas da FecomercioSP alertam que o ciclo de expansão do consumo observado nos últimos anos se encerrou. O descontentamento da sociedade diante da atual conjuntura econômica derrubou os indicadores de confiança tanto de consumidores quanto de empresários aos menores patamares históricos. A retomada da confiança depende da manutenção do emprego e da renda, ao lado de uma inflação mais controlada.