As vendas no varejo paulista recuaram 9,9% em agosto em comparação com o mesmo mês do ano passado, e registraram uma receita real de R$ 43,2 bilhões no mês. Os dados são da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV). O levantamento é realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) segundo informações da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz).
Com esse novo recuo, o índice de queda acumulado no ano passou de 1,2%, até julho, para 2,4%, nesses oito meses de 2014. É a sexta e maior queda mensal consecutiva no ano e, por esse motivo, acende a luz de alerta para os varejistas. Os sucessivos recuos das vendas intensificam as projeções de queda para as vendas no total do ano, considerando que as variáveis determinantes do consumo não devem mudar.
Os ramos ligados aos bens duráveis foram fundamentais para o resultado negativo do varejo geral. As quedas nos faturamentos das lojas de eletrodomésticos e eletroeletrônicos (-33,9%) e das concessionárias de veículos (-25,7%) contribuíram para a retração geral, com 6,3 pontos porcentuais. Os setores de lojas de materiais de construção (-15,4%), lojas de vestuário, tecidos e calçados (-4,5%), autopeças e acessórios (-8,8%), lojas de móveis e decoração (-6,3%), e outras atividades (-8,5%) também compõem o conjunto dos segmentos que registraram redução de faturamento real em agosto.
Após crescer por quatro meses consecutivos, o segmento de supermercados surpreendeu de forma negativa, recuando 1% em comparação a agosto de 2013. Vale lembrar que essa atividade é a que possui o maior peso relativo no varejo e, por comercializar bens essenciais, é um importante balizador do comportamento do consumidor e ajuda a explicar o atual ciclo negativo das vendas.
No resultado geral do mês, apenas duas das dez atividades pesquisadas obtiveram aumento de vendas. Farmácias e perfumarias (4,1%) continuam a trajetória de crescimento em 2014, acumulando no ano expansão de 6,6% em sua receita real. Contudo, sua contribuição no mês para o resultado do varejo total é de apenas 0,2 ponto porcentual. É o mesmo peso da contribuição das lojas de departamentos (que elevaram as vendas em 4,5%).
A análise por região indica que a retração no consumo é generalizada: das 16 regiões do Estado pesquisadas, apenas em Jundiaí as vendas não caíram. Em cinco, a taxa de queda de vendas ficou acima da média do Estado e em dez houve recuos menores do que no total do Estado.
Na avaliação da FecomercioSP, o processo de contenção do movimento varejista é resultado de variáveis como renda, emprego, inflação e crédito – não de fatores locais.
A Entidade destaca que, até julho, apenas duas atividades seguiam elevando as vendas: supermercados e farmácias e perfumarias, ambas atendendo ao consumo de bens básicos e de primeira necessidade, independentes de crédito e ligadas diretamente ao comportamento da renda.
As sucessivas quedas nas vendas apontam que a fragilidade de expansão da massa de rendimentos reais neste ano pode não ser suficiente para sustentar a manutenção do consumo desses bens. A inflação, mais centrada em produtos alimentícios, é um fator que contribui para a dificuldade pontual do setor supermercadista nos últimos meses.