Em maio de 2008, o faturamento real das micro e pequenas empresas (MPEs)
paulistas ficou estável (+0,2%) na comparação com o
mês anterior (abril/08), resultado da queda de receita no comércio (-4,1%) e na
indústria (-2,2%). Apenas o setor de serviços, com alta de 2,8%, apresentou
desempenho positivo. A receita total dos pequenos negócios paulistas foi
estimada em R$ 20,9 bilhões.
No comparativo de 12 meses (maio/08 contra maio/07), o faturamento real teve
retração de 6,9%, provocando uma perda de R$ 155 milhões em termos de
receita para o universo das MPEs paulistas. A queda foi verificada nos setores
da indústria (-12%), serviços (-7,6%) e comércio (-4,3%).
Esses são os principais resultados da pesquisa Indicadores Sebrae-SP, elaborada
pelo Observatório das MPEs do Sebrae-SP, com a colaboração da Fundação Seade, e
que avalia mensalmente a evolução do faturamento, pessoal ocupado, rendimento
dos empregados, folha de salários e expectativas das MPEs paulistas.
Para o coordenador da pesquisa, Marco Aurélio Bedê, “o fato de maio/08
ter tido dois dias úteis a menos que maio/07 foi um dos fatores determinantes
para essa queda na receita das MPEs”. Outro fator que contribuiu para o fraco
desempenho foi a comparação com um bom mês em termos de vendas (maio/07 foi o
melhor resultado para um mês de maio desde maio/04).
O nível do pessoal ocupado também manteve-se estável na comparação de maio/08 com
abril/08, com ligeira variação negativa (-0,4%). Na comparação de 12 meses a
queda foi de 7,5% em maio/08 sobre maio/07 (média por empresa). Já o rendimento
real dos empregados manteve trajetória de crescimento (+5,1%) em maio/08 ante
maio/07 e queda de 1,2% na comparação de maio/08 sobre abril/08.
No mesmo período, o total gasto pelas MPEs com salários apresentou queda
de 7%, reflexo da redução no número médio de pessoas ocupadas nas MPEs. Na
comparação de maio/08 com abril/08, houve variação de +0,5% nos gastos das MPEs
com salários. De acordo com Bedê, “esse crescimento na folha de salários foi
puxado pelo aumento do pessoal ocupado em serviços, setor que pagou uma
remuneração mais elevada que a indústria e o comércio”.
Em maio, a remuneração média dos empregados no setor de serviços foi de
R$ 899, ante R$ 837 na indústria e R$ 733 no comércio.
O faturamento médio das MPEs, observado em maio/08, foi de R$ 15.761,57 por
empresa, e o pessoal ocupado foi de 4,06 pessoas por empresa no mesmo período,
o que representa universo de 5 a
6 milhões de pessoas ocupadas nas micro e pequenas empresas.
Cenário e expectativas
Nos primeiros meses de 2008,
a economia brasileira apresentou crescimento. O Produto
Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 5,8% no 1º trimestre de 2008 sobre o 1º
trimestre de 2007. Esse crescimento foi puxado pelo mercado interno, a partir
da recuperação da renda do trabalhador e da expansão da oferta de crédito ao
consumidor.
Na avaliação do diretor-superintendente do Sebrae-SP Ricardo Tortorella,
“o crescimento do mercado interno no último ano favoreceu as pequenas empresas,
porém, nos próximos meses, a economia pode crescer num ritmo menor, devido a um
conjunto de fatores. A inflação, puxada pelo segmento de alimentos, os juros com
tendência de aumento e a valorização do real em relação ao dólar, que aumenta a
concorrência dos produtos importados, podem segurar a recuperação que o setor
vinha apresentando”.
Nesse cenário, as expectativas dos proprietários de MPEs tornaram-se um
pouco menos otimistas. Em junho de 2008, 35% dos empresários ouvidos esperavam
uma melhora no seu faturamento nos próximos seis meses, contra 37% em maio de
2008. No período, a proporção de empresários que esperam manutenção na receita
da empresa subiu de 53% para 55%.
Em junho de 2008, 33% das MPEs esperavam uma melhora da economia
brasileira nos próximos seis meses, mesma proporção de maio de 2008. No
período, aumentou de 4% para 7% a proporção de empresários que esperavam piora
no nível de atividade da economia brasileira.
O setor
As micro e pequenas empresas representam 99% das empresas formais no Estado de
São Paulo. Os negócios de micro e pequeno porte representam 67% das pessoas
ocupadas do setor privado formal e não-formal e respondem por 28% da receita
bruta do setor formal da economia paulista.
A pesquisa é realizada com base em uma amostra representativa de um
universo de 1.326.354 micro e pequenas empresas formais, presentes no cadastro
de empresas da Fundação Seade. Cerca de 11% encontram-se na indústria de
transformação, 57% no comércio e 32% nos serviços. Em conjunto, essas empresas
geram postos de trabalho para cerca de 6 milhões de pessoas, no Estado de São
Paulo.
A pesquisa está disponível, na íntegra, no portal do
Sebrae-SP: www.sebraesp.com.br – Conhecendo a MPE/
Indicadores.