De acordo com números divulgados pelas empresas de telefonia do Brasil, recentemente, o brasileiro está falando menos no celular. A receita com o consumo de dados na TIM vai ultrapassar a de voz já em 2016. A informação foi divulgada esta semana pelo CEO da operadora, Rodrigo Abreu, durante a terceira edição do TIM Day, um encontro com analistas de mercado e investidores, realizado em Nova Iorque, nos EUA.
Essa tendência que vem sendo observada nos últimos cinco anos, parece ter se intensificado de um ano para cá. Atualmente, as companhias do setor estão buscando maneiras para tentar frear a diminuição dos lucros. Um dos artifícios utilizados é o processo de desligamento, que bloqueia o uso do serviço de dados em função da utilização total do pacote. Essa atitude, além de ser questionada fortemente pelos órgãos de direitos do consumidor, não está apresentando resultados efetivos e precisa ser revista pelas operadoras.
“As operadoras buscavam a fidelização dos clientes oferecendo mais pacotes de serviços de voz, promoções e descontos em tarifas, o que ocasionou uma guerra de preços. Mas, atualmente, com a diminuição do uso do serviço tradicional de voz, em função do crescimento do número de usuários com acesso à Smartphones e aplicativos como Whatsapp e Messenger, essas empresas viram suas receitas diminuir de forma consistente, deixando-as sob pressão”, explicou o diretor da KPMG, Eduardo Santini.
O movimento de mercado era esperado para o final de 2017, mas o atual cenário macroeconômico brasileiro aliado à mudança de perfil dos clientes de telefonia está acelerando este processo.
“O comportamento do consumidor está mudando muito rápido. No Brasil, a migração drástica do consumo de voz para dados foi percebida já no fim de 2014 e no começo desse ano. Manter os investimentos em infraestrutura, principalmente em rede 4G, será fundamental para competir nesse novo cenário focado no uso da internet móvel. É por este caminho que segue a estratégia da TIM para se manter competitiva e protagonista neste mercado”, afirmou Rodrigo Abreu.
De acordo com Eduardo Santini, essa é a hora das empresas começarem a olhar internamente sua oferta de serviços e suas necessidades e se adaptarem a esse mundo moldado pela tecnologia e que coloca o consumidor em um lugar privilegiado. Nessa guerra entre operadoras e clientes, não vai adiantar cortar os pacotes de dados dos clientes se, no dia seguinte, ele pode trocar de operadora sem perder o número; também não é eficaz oferecer call center, se agora o relacionamento é feito por chat online 24 horas.
“O novo cliente busca um serviço que tenha a ver com o seu padrão de uso e consumo e que atenda às suas necessidades de forma rápida e eficiente. É a mudança de um modelo de negócios “commoditizado” para um personalizado. Sai o consumidor passivo para dar lugar ao que tem a possibilidade de escolher o serviço que melhor lhe convier. Com isso, ele pode trocar de operadora sempre que quiser o que confere a ele mais poder de controlar a cadeia de consumo”, finalizou Santini.