A incidência de desnutrição em pacientes com câncer varia de 40 a 80%, segundo dados de estatística da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE). Suporte nutricional especializado é fundamental para fortalecer o sistema imunológico, aumentar a resistência do paciente ao impacto dos tratamentos e efeitos colaterais, diminuir o risco de infecção e melhorar a cicatrização.
A terapia nutricional para pacientes com câncer deve ser realizada de forma individualizada, levando-se em consideração suas necessidades nutricionais, restrições dietéticas, tolerância, estado clínico e efeitos colaterais esperados.
A escolha da estratégia nutricional pode variar desde a orientação nutricional nos primeiros estágios preventivos do diagnóstico até a implementação de nutrição enteral (por sonda) em pacientes que não sejam capazes de suprir suas necessidades por via oral.
“A incidência de desnutrição em pacientes com câncer varia de 40 a 80%, sendo que os pacientes com tumores na região de cabeça e pescoço, pulmão, esôfago, estômago, cólon, reto, fígado e pâncreas apresentam uma maior prevalência. Já os pacientes com câncer de mama, leucemia, sarcoma e linfomas têm um baixo risco de perda de peso”, afirmou o presidente da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral e da Sociedade Brasileira de Cancerologia, Robson Moura.
A variação dessa prevalência ocorre primeiramente pela localização do tumor, mas pode ser também devido a diferentes critérios utilizados para definir a desnutrição: idade, tamanho do tumor, presença de metástase e tratamento oncológico. Segundo Moura, os efeitos clínicos da desnutrição se manifestam por dificuldade de cicatrização, aumento do risco de infecção e toxicidade do tratamento, maior demanda de cuidados e custos hospitalares, diminuição da resposta ao tratamento, da qualidade de vida e sobrevida, quando comparados com pacientes com um adequado estado nutricional. “Sem uma terapia nutricional adequada as chances de uma boa recuperação do paciente oncológico se reduzem expressivamente”, disse o presidente da SBNPE.
As modalidades de tratamento para o câncer podem incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou a combinação de ambos. Cada uma destas modalidades pode resultar em efeitos colaterais que afetam o estado nutricional. “As cirurgias podem proceder em dor local, dificuldade de mastigação e deglutição, jejum prolongado, fístulas, infecção da ferida operatória, etc. A radioterapia e a quimioterapia não atuam exclusivamente na população de células malignas, atuam também nos tecidos normais, causando os efeitos colaterais e contribuindo para problemas nutricionais específicos e afetando potencialmente o estado nutricional do paciente”, esclareceu Robson Moura.