Desde 1980, o número de adolescentes mães, entre os 15 e 19 anos, aumentou 15%, representando 700 mil meninas grávidas a cada ano. Desse total, 1,3% são partos realizados de garotas de 10 a 14 anos, conforme dados da Sociedade Brasileira de Obstetrícia e Ginecologia da Infância e Adolescência (Sogia BR). O problema já se tornou questão de saúde pública, uma vez que o parto normal é a principal causa de internação das brasileiras nessa faixa etária.
O ginecologista Geraldo Mendese membro da Sogimig (Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais), alerta para a relação desses números com o atual cenário nacional. “As organizações sociais que norteiam a vida do jovem, sejam de cunho religioso, social ou familiar, são suportes fundamentais na orientação sexual do adolescente. Entretanto, não estão preparadas para lidarem com as transformações da vida juvenil e, por consequência, não desempenham seu papel por tabu e vergonha”, afirmou.
O desconhecimento de métodos contraceptivos ainda é uma das principais causas da gravidez na puberdade. Na opinião do especialista, muitas adolescentes ficam constrangidas em conversar com pais e médicos sobre dúvidas. O resultado é a utilização de métodos pouco efetivos, como a tabelinha e o coito interrompido, que não garantem nenhuma proteção.
Ainda que a gravidez provoque mudanças significativas na vida da família, não há dúvidas que uma doença possa gerar muito mais transtornos. A infecção pelo HPV, AIDS, sífilis, gonorreia, hepatite B, clamídia e herpes são algumas doenças sexualmente transmissíveis mais comuns. “Como muitas delas não provocam sintomas, os jovens não sabem que precisam procurar tratamentos ainda no estágio inicial. O simples cuidado com consultas regulares ao médico já garantiria que uma possível doença não evoluísse para a forma crônica, evitando problemas graves que podem chegar à infertilidade e até câncer” alertou o médico.