Uso de antibióticos pode causar desequilíbrio intestinal

propaganda do Google Artigo Top

A estação mais fria do ano começa em 21 de junho, e a queda nas temperaturas favorece a infecção por vírus causadores de gripes, resfriados e, consequentemente, por bactérias que afetam o trato respiratório. Os grupos mais vulneráveis ao problema são as crianças, por não terem desenvolvido plenamente a proteção natural do organismo, e os idosos – cuja imunidade tende a diminuir com o passar dos anos. O tratamento indicado por especialistas muitas vezes lança mão de antibióticos. Porém, um fato para o qual nem todos estão atentos é que, sem prevenção, o uso destes medicamentos pode prejudicar o equilíbrio intestinal.

De acordo com o professor de infectologia pediatria, Edmilson Migowski, principalmente no intestino grosso, habitam centenas de espécies de bactérias. “Muitas delas são importantes para a saúde, como na produção da vitamina K, fundamental para a coagulação sanguínea. No entanto, algumas bactérias são nocivas e competem por espaço com as outras. O antibiótico utilizado para tratar uma infecção respiratória não atua de forma seletiva no pulmão, ele atinge também os microrganismos que vivem no intestino. Ao destruir as bactérias mais sensíveis a determinado medicamento, o remédio pode favorecer a proliferação de agentes patogênicos”, afirmou o especialista.

A consequência pode ser uma diarreia aguda, com o risco de desidratação, caso não tratada. Segundo Migowski, estima-se que a diarreia ocorra entre 11% e 40% dos casos em que há utilização de antibióticos contra infecções pulmonares, urinárias ou na garganta, por exemplo.

Nos casos mais graves, o problema é a infecção pela bactéria Clostridium difficile, causadora da colite pseudomembranosa. “A colite é uma inflamação grave no intestino, que demanda a prescrição de antibióticos com espectro de abrangência aumentado. Muitas vezes, se inicia o tratamento com um antibiótico contra infecção respiratória e, posteriormente, há necessidade de migrar para outro ainda mais forte, para combater a infecção pelo Clostridium”, observou. A prevalência da colite é de 10% a 20% dos casos em que há diarreia associada ao uso de antibióticos.

Prevenção

O especialista afirmou que a prevenção é simples e pode ser feita com a prescrição de probióticos – medicamentos fabricados a partir de organismos vivos, cuja atuação favorece a defesa do intestino contra agentes nocivos. “Muitos profissionais ainda não adotaram a prática em seus procedimentos clínicos. Antigamente, no intuito de prevenir diarreias associadas a antibióticos, as pessoas recorriam à ingestão da levedura de cevada, solicitando a receita a seus médicos. Porém, não havia bases científicas para a prescrição desta levedura. Já o probiótico Saccharomyces boulardii tem sua eficácia comprovada, conforme estudos publicados na literatura médica internacional. Mas, infelizmente, muitos médicos ainda fazem associação com a levedura de cevada”, disse Migowski.

O Saccharomyces boulardii é um probiótico da classe das leveduras e vem sendo utilizado desde a década de 1950 em países europeus, na prevenção e no tratamento da diarreia. Testes sobre sua eficácia demonstraram uma redução de 80% na ocorrência de diarreia associada ao uso de antibióticos em crianças, em comparação com o uso de placebo.

De acordo com Edimilson Migowski, o ideal é a prescrição preventiva, em doses pequenas, simultaneamente à indicação do uso de antibióticos em geral. Desta forma, é possível prevenir complicações como a diarreia aguda e a colite pseudomembranosa. “Nos casos em que não houve prevenção e ocorre a diarreia, indicamos uma ‘dose de ataque’ com o Saccharomyces boulardii, e a manutenção de doses menores até a mudança no quadro, além de hidratação por via oral ou até mesmo intravenosa”, afirmou. O médico alertou que, ao surgirem sintomas de diarreia ou infecções respiratórias, é necessário consultar um especialista.

Propaganda do Google Artigo Baixo